• O CAMINHO

    O LIVRO DAS BUSCAS

  • O CAMINHO

    TRANSFORMAÇÕES, ESCOLHAS, GANHOS, PERDAS

  • O CAMINHO

    DETERMINAÇÃO, INTEGRIDADE. NECESSIDADES, OBJETIVOS, SONHOS.

  • O CAMINHO

    ELEGÂNCIA, ALEGRIA, SABEDORIA, COOPERAÇÃO

  • O CAMINHO

    O SEU PAPEL NO MUNDO. SEUS DONS. SEUS DESAFIOS. SUA MISSÃO.

Baseado no I Ching, você faz uma pergunta, joga as moedas, e consulta o texto. Processo projetivo de tomada de decisões, visando superar desafios e melhorar a qualidade de vida.

49 REVOLUÇÃO

código: cacoco-cacaco-cacoco-cacoco-cacoco-cacaco
É hora de iniciar mudanças radicais, comprometendo-se com o
sucesso dos seus objetivos.

“Só o amor é verdadeiramente
revolucionário.” (04)
“Revolução não se faz com armas, mas com
idéias.” (04)

A REVOLUÇÃO
— Num reino as pessoas que não pertenciam à nobreza
eram obrigadas, desde bem jovens, a carregar um pesado
colar. Suas contas eram feitas de um barro escuro, para
lembrá-los de que eram “impuros”, “inferiores”. Como era
uma crença enraizada e um costume de muitas gerações,
ninguém ousava desafiar tal norma. E, pior, a maioria estava
mesmo convencida de que riqueza, liberdade e felicidade
eram mesmo atributos dos nobres.
Na verdade o peso do colar e o seu incômodo logo deixavam
de ser percebidos. As pessoas se acostumavam. Assim,
dominava uma certa paz, pois cada um estava acomodado
ao lugar que lhe era oferecido na sociedade. Ninguém
sentia mais o quão limitados eram os seus movimentos
e a sua vida.
Entretanto, chegou ao reino um jovem plebeu que
havia sido educado em terras muito distantes. Ele ficou
verdadeiramente chocado ao ver as pessoas transitando
de um lado para o outro, lentamente, curvadas sob o peso
do colar, e seguindo suas vidas indiferentes ao próprio sofrimento.
“ — Por que você não tira isso?” — arrisca perguntar
sobre o colar a uma senhora que levava o filho à escola.
“ — O que?! Isto?! De jeito nenhum! Só quem tem o
colar poderá um dia talvez tornar-se um nobre. Você não
sabe disso?!”
Diante do olhar ainda mais aturdido do rapaz, a mulher
prosseguiu:
“ — Sim, se algum dia alguém somar vinte contas de
barro no seu colar, este será um felizardo, viverá praticamente
como se fosse um nobre! Só que são necessários geralmente
anos de trabalho e obediência para ter chance
de conseguir uma única conta de barro.” (Agora ele entendia
por que alguns pareciam até mesmo ostentar com orgulho
o seu pesado colar!) “Além disso, se alguém for pego
sem o colar, pode ser preso e submetido a castigos. É melhor
que você se cuide!”
Justamente neste momento, surgiram dois guardas reais
que traziam o colar que o jovem plebeu deveria usar a
partir de então. E, para surpresa dos que o rodeavam, o
seu colar já viera com algumas contas especiais, que lhe
garantiam certos privilégios.
Para ele os privilégios distribuídos às migalhas pelos
nobres eram na verdade os seus legítimos direitos! Mas, a
fim de não causar confusão, pôs o colar. E ficou imaginando
passar o resto da sua vida carregando aquele peso. Tão
indignado ele estava, que poderia imediatamente arrancar
o seu colar e estilhaçá-lo no chão, ali mesmo..
“ — Se eu simplesmente fizer isso, sozinho, não terei
deixado que me mudem, mas também não terei mudado
ninguém. Apenas serei preso e usado de exemplo para atemorizar
ainda mais os outros.” — pensou.
Desde então, incansavelmente, o jovem dedicou-se a
despertar os outros para a situação absurda a que tinham
se acostumado. E essa iniciativa foi ganhando forma de
um movimento de conscientização, com a gradativa adesão
de muitos.
Tempos depois, numa grande manifestação em praça
pública, sob a liderança do jovem plebeu, milhares de pessoas,
aos brados por liberdade e justiça, quebraram os seus
colares.
Abriu-se, então, uma nova era para todos.
— É preciso sentir na própria pele os problemas do
outro, da comunidade — disse o Mestre ao grupo que o
ouvia atentamente — É preciso ser capaz de indignar-se,
revoltar-se e promover uma mudança, ajudando na construção
de algo melhor.
E concluiu:
— Como o fermento deve misturar-se à massa e o tempero
à comida, a sua revolução só terá valor se não for isolada,
mas promover a transformação do conjunto.

CONSIDERAÇÕES
- A revolução é movida por uma verdade que se impõe,
que não pode mais ser abafada.
- Revolução não é um caos, não é inconseqüente e
destrutiva, mas exatamente o contrário disso: é a busca de
uma nova ordem.
- Nenhuma causa pode estar acima do ser humano e
dos direitos do outro.
- Numa revolução é preciso grande confiança em si mesmo
e nos companheiros.
- A revolução acontece não através de grandes ações
heróicas, as quais apenas marcam as reviravoltas, mas
principalmente através dos perseverantes atos cotidianos,
que sucedem e dão consistência às atitudes tomadas.
- Apesar do grande estardalhaço com que tentam convencer
os outros e a si mesmos sobre suas grandes revoluções,
muitos acabam mudando apenas as aparências e voltam
aos mesmos hábitos e erros do passado, que veementemente
diziam abominar.
- Uma revolução não pode mudar o que é essencial,
mas pode resgatá-lo.
- Conforme você percebe que as coisas realmente estão
mudando, na direção dos seus objetivos, surge a confiança.

A VIRADA
Como fazia todas as manhãs, nos últimos trinta anos,
uma senhora acompanhava o marido para abrir o seu mercado.
Enquanto caminhavam pelas estreitas e irregulares
calçadas da pequena cidade onde nascera e se criara,
ela se põe a lembrar de como tudo começou, o quanto lutaram
para vencer, sustentar e educar os filhos... Estes, já
adultos, tinham partido para constituir suas famílias.
— Você é feliz? — perguntou ela sem rodeios, contemplando
o semblante cansado e preocupado do marido.
— O que? Como assim?!
— Estou simplesmente lhe perguntando se você é feliz?
— ...Bem, lógico que sou. Por quê? Você não é?! — perguntou
de volta. Ele tinha sido pego de assalto com um
assunto que nunca discutiram tão abertamente.
— Ora, você sabe que nem eu nem você somos infelizes.
Levamos uma vida razoavelmente boa. Mas será que
não temos outra coisa a fazer além disso a que estamos
acostumados? Será que ainda faz sentido continuar tocando
as coisas sempre do mesmo jeito? Eu acho que deveríamos
cuidar de vivermos mais, fazermos o que gostamos e
deixamos de lado...
O homem estava de fato achando muito estranha toda
a conversa. Não esperava ouvir, justamente de alguém que
sempre se mostrara tão objetiva e realista no
enfrentamento dos problemas, palavras tão sonhadoras.
Então ela lhe explicou que tinha começado a refletir
sobre isso depois que sua melhor amiga perdeu tudo o que
tinha. Sua casa e sua loja foram-se numa terrível inundação
e, alguns meses depois, viu-se sozinha: ficou viúva. O
curioso é que vivia reclamando dos negócios, dizia que não
servia para aquilo, que era uma escrava do trabalho, mas
que, enfim, precisava sobreviver... E nunca fazia nada efetivamente
para mudar. Como não teve ela própria a iniciativa
de fazer a sua revolução, a vida encarregou-se disso.
— Eu não quero repetir o mesmo erro. E gostaria de
descobrir um novo caminho, ao seu lado! — disse ela sorrindo
para o marido, seduzindo-o a desfranzir a fronte, com
um beijo.
Este foi o início de uma nova história do grande amor
que os unia.

— De tanto fazer as mesmas coisas, você pode esquecer-
se do seu porquê. De tanto olhar para o que é feio e
engolir um gosto ruim, você passa a não mais percebê-los
como tal. Você se acostuma. Entretanto, se apurar os sentidos,
sempre encontrará algo em seu íntimo que claramente
lhe diz a verdade, simples e genuína. E, uma vez
reconhecida essa verdade, já estará começada a sua grande
revolução.
 
^ Back to Top