• O CAMINHO

    O LIVRO DAS BUSCAS

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    TRANSFORMAÇÕES, ESCOLHAS, GANHOS, PERDAS

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    DETERMINAÇÃO, INTEGRIDADE. NECESSIDADES, OBJETIVOS, SONHOS.

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    ELEGÂNCIA, ALEGRIA, SABEDORIA, COOPERAÇÃO

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    O SEU PAPEL NO MUNDO. SEUS DONS. SEUS DESAFIOS. SUA MISSÃO.

Baseado no I Ching, você faz uma pergunta, joga as moedas, e consulta o texto. Processo projetivo de tomada de decisões, visando superar desafios e melhorar a qualidade de vida.

32 Perseverança

código: cacaco-cacoco-cacoco-cacoco-cacaco-cacaco
É hora de buscar um ponto de apoio ou um objetivo para seguir
adiante.

“Água mole em pedra dura tanto bate
até que fura.” (05)

O JEJUM(04)
Dois grupos igualmente muito explorados e miseráveis
brigavam entre si: garimpeiros em busca de ouro e
indígenas que reclamavam suas terras invadidas. O quadro
era bastante tenso, cabanas tinham sido queimadas,
mulheres foram feitas reféns, e infelizmente já se contavam
algumas mortes.
Ao saber do conflito, o Mestre disse a uma discípula
que o acompanhava:
— Como sementes lançadas ao chão, eu sei que minhas
palavras e minhas ações junto a esses grupos logo
brotarão. É apenas uma questão de tempo. Mas não vou
ficar esperando parado, vendo irmãos matarem-se! Vá e
faça saberem que acabo de iniciar um jejum absoluto. A
minha fome será o meu apelo para que cessem toda e qualquer
violência contra seus irmãos, e busquem resolver seus
problemas em paz.
A notícia obteve um grande impacto, pois o Mestre era
muito respeitado tanto entre os garimpeiros como entre os
indígenas. Estes o reverenciavam como “a grande águia”,
cuja sabedoria o colocava nas alturas, acima de todas as
disputas e divisões.
— Estou esperando... Esperarei o que for preciso! —
era o que respondia, com voz rouca mas firme, àqueles que,
preocupados com a sua saúde, tentavam dissuadi-lo do jejum,
que já se estendia por alguns dias.
Uma multidão formou-se em torno da casa em que ele
se encontrava. Anciões, mulheres e trabalhadores faziam
vigília à sua porta e pediam aos seus próprios filhos e maridos
que cessassem os confrontos.
Logo começaram a surgir divisões internas e resistências
entre os grupos conflitantes. Muitos tinham se sensibilizado
com a atitude do Mestre e não queriam mais lutar.
Ainda assim, para angústia dos seus colaboradores,
ele teimava em jejuar enquanto houvesse o mínimo sinal
de luta.
Numa manhã clara e abafada, vozes sussurrantes e
tensas pelos corredores, o Mestre aguardava, bastante abatido.
Alguém lhe cochichou nos ouvidos. E ele não pode
esconder um sorriso vitorioso ao receber a notícia: todos os
confrontos haviam terminado e criara-se um conselho de
negociação! Então aceitou o pão que lhe foi oferecido. Elevando-
o diante dos olhos de todos, disse:
— Este pão que comemos juntos representa uma aliança
pela paz; uma aliança duradoura.
Então, dividiu-o, dando um pedaço para cada um dos
líderes dos indígenas e dos garimpeiros que ali estavam.

Aquele que tem o espírito elevado é firme
em seus propósitos.

CONSIDERAÇÕES:
- Manter-se num caminho é próprio de quem sabe onde
quer chegar.
- As dificuldades tornam a conquista mais valiosa, se
encaradas como desafios e não como empecilhos.
- Perseverar não é manter-se cegamente numa única
rota, mas constantemente estar-se reajustando em direção
ao seu objetivo. Até mesmo aquilo que você busca pode
sofrer alterações, pois você está amadurecendo ao longo
do caminho, e pode perceber melhor o seu verdadeiro alvo.
- Às vezes você espera resultados, mas está no caminho
errado. Então, mudar é que consiste de fato em perseverar
na sua busca.
- Não convém ficar muito tempo num sobre-esforço
para sustentar uma situação ou para tentar alcançar algo.
É preciso reposicionar-se, adaptar-se e ganhar equilíbrio
para, assim, continuar tentando.
- Para vencer é preciso devotar-se, comprometer-se e
saber esperar.

- Você conhece a essência das coisas e das pessoas observando
o que nelas permanece, mesmo em meio às transformações.

*A chuva fina e constante penetra mais profundamente
na terra do que a chuva torrencial. Assim também as grandes
mudanças se promovem através de palavras simples e
pequenas ações repetidas no cotidiano.

A BUSCA
Vendo-se do alto, uma multidão estende-se ao longo
da praia como um tapete vivo. Em pleno sol de verão, muitos
vêm para se refrescar nas ondas, relaxar nas areias,
praticar esportes. Mas em meio a tanta alegria e
descontração, o rosto de uma mulher exprime, contraria163
mente, ansiedade, até mesmo aflição. Com movimentos
agitados, transita de um lado para o outro, abordando as
pessoas. Às vezes se detém e fica alguns instantes com o
olhar vasculhando o burburinho dos banhistas que se lançam
às ondas. Ela está em busca do seu filho, apenas um
garoto, que, em alguns segundos de distração, perdera-se
na multidão. Inicialmente ela imaginou que ele estivesse
com o irmão mais velho, mas logo descobriu que este também
não sabia do seu paradeiro. O principal motivo de sua
angústia é que o menino pode inadvertidamente aventurar-
se nas águas perigosas, e afogar-se.
Ao mesmo tempo que descreve às pessoas o seu filho,
deixando o seu endereço para qualquer comunicação, ela
vai também pedir o auxílio dos guardas que cuidam da
região. E o tempo passa... A ansiedade aumenta... No seu
íntimo, a mulher sofre ao imaginar o sofrimento do filho,
seus olhos chorosos, sua voz carente.
Algumas horas se passam, e ela continua sua busca.
O crepúsculo já se insinua... Ela passa a visitar os hospitais
da região. E, nos necrotérios, a cada averiguação, um
misto de alívio, esperança e angústia. A noite impõe-se.
Alguns, que a acompanham, sugerem que ela vá descansar
e esperar em casa, já que a essa altura toda a guarda
já estava avisada e nada mais se podia fazer..
— Descansar?!! Como posso descansar?! Só sossegarei
quando souber a respeito do meu filho! — responde ela,
num tom quase de indignação, frente ao absurdo que lhe
parecia a proposta.
Já era madrugada quando a mulher recebeu o aviso
de que um garoto fora internado num hospital distante,
vítima de um atropelamento, com lesões por todo o corpo.
Ela corre imediatamente para lá. E eis que reconhece,
enfim, aquelas feições familiares. Seus olhos transbordam,
seu coração afrouxa-se. Pode agora cuidar do seu filho.
— Mamãe já está aqui! Está tudo bem, está tudo bem!
Você vai ficar bom! — dizia entre soluços, acariciando delicadamente
os cabelos do menino, que estava desacordado.

— Quando o que você busca é essencial, você não tem
outra escolha senão perseverar até o fim.

*A natureza do sol é brilhar; das ondas, movimentarse;
e de todo o ser vivo é interagir. Nunca desista de
interagir com o que a vida lhe oferece, pois é isso precisamente
que se chama viver.

O INVENTOR
Obstinado, um jovem perde a noção das horas,
adentrando-se na madrugada, debruçado sobre os inúmeros
cálculos que rabisca nos papéis espalhados pela mesa.
Ele está empenhado, já há mais de dois anos, em inventar
uma máquina que “faz chover”.
No início, os seus ensaios ao ar livre eram acompanhados
de muitos curiosos. Mas, diante das inúmeras tentativas
frustradas, atualmente são raros os que lhe dedicam
atenção. A maioria acha absurdo o seu intento, mas
não ousa rir, visto que sua persistência já resultou em
muitos inventos importantes.
— Será que não é melhor você se conformar que algumas
coisas são simplesmente impossíveis? — tentava dissuadi-
lo sua mãe, preocupada com sua falta de descanso.
— “Impossível”?! Quem pode dizer o que é impossível?
— Como você pode ser tão teimoso?! — ralhava carinhosamente
um amigo.
— Teimoso, não! Persistente — corrigia ele.
De fato, ele não se desanimava. Aquilo que os outros
viam como um fracasso, ele encarava como um desafio: ficava
buscando entender a falha, o ponto que precisava ser
melhorado. E trabalhava duro para chegar a uma nova
concepção, uma nova idéia. Não podia conformar-se em desistir
se via que algo podia ainda ser tentado. Então, logo
tinha motivos para uma nova experiência. Aos poucos, o
seu invento ia tomando forma. E mais: enquanto buscava
pela sua máquina de fazer chover, ia descobrindo muitos
conceitos que resultavam em outros inventos ou no aperfeiçoamento
de máquinas que já existiam. Isto também
lhe era bastante motivador.

— Perseverar não é tentar de novo da mesma forma,
repetindo os mesmos erros. Isto é ser tolo. Trata-se antes
de, a cada tentativa, aprender algo, nutrindo-se de pequenos
resultados. É preciso ser firme no seu propósito, e
maleável na sua interação com as dificuldades.

*Perseverar num objetivo é como cultivar uma planta.
É necessário entender que os cuidados devem ser contínuos,
para que ela se desenvolva e dê os seus frutos.
 
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