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É hora de alimentar-se, cuidar de si mesmo e de tudo o que lhe sejade fato precioso.
“Saco vazio não pára em pé.” (05)
“Quem com os porcos se mistura, farelos
come.” (05)
AS ERVAS DANINHAS
— Mestre, dê-nos alimento para saciar a nossa fome!
— destacou-se a voz de uma mulher do meio da multidão.
Após providenciar que aquelas pessoas, que viviam
na miséria e na ignorância, recebessem alimento e se saciassem,
o Mestre dirigiu-lhes a palavra:
— Eu não vim saciar-lhes a fome, pois isso os tornaria
dependentes e frágeis. Mas eu vim para mostrar-lhes que
o alimento, bem como tudo o que precisam, sempre está à
sua volta, em abundância, mas é preciso conhecimento e
sabedoria para enxergá-lo e dele se servir.
Então o Mestre chamou para perto de si algumas mulheres
idosas, que vieram de povoados distantes para ensinar
aos camponeses a utilizarem como alimento inúmeras
plantas nativas - folhas, raízes e até flores - que normalmente
eram desprezadas como ervas daninhas, mas
continham valor nutritivo excepcional. Elas ensinaram a
fazer pães, biscoitos e uma sopa “milagrosa”, assim chamada
porque em poucas semanas devolvia o vigor e o sorriso
das crianças abatidas pela desnutrição.
— Muitas vezes procuramos nos nutrir de alimentos
que estão difíceis, e não valorizamos os que estão bem acessíveis
— finalizou o Mestre.
Aquele que tem o espírito elevado alimentase
saudavelmente, com moderação, em respeito
ao seu precioso equilíbrio. E, ao saciar-se, também
clama por justiça para aqueles a quem falta
o alimento.
CONSIDERAÇÕES
- Dar alimento ao corpo para mantê-lo saudável é um
direito de todos e um ato de respeito e gratidão pela vida.
Mas é necessário nutrir-se também de conhecimento, bons
pensamentos e sabedoria.
- De toda experiência e adversidade você pode nutrirse
e sair fortalecido.
- Você é aquilo que come. Você é as palavras que ouve, os
sonhos que acalenta e tudo o que coloca para dentro de si.
- Ninguém pode comer, nem dormir ou viver por você.
Antes de mais nada, você mesmo precisa cuidar-se.
- Um sorriso, uma palavra de apoio, um agradecimento
ou um elogio nutrem aqueles que o rodeiam, despertando-
lhes a alegria e a paz.
OS FILHOTES(04)
Após um incêndio que devastou grandes extensões de
uma floresta, alguns habitantes de uma aldeia vizinha encontraram
três macacos refugiados num arbusto, no meio
de uma lagoa. Tratava-se, na verdade, de uma macaca,
que estava ferida, com o seu filhote e um outro filhote que
perdera sua mãe. Decidiram recolhê-los para tratá-los e
dar-lhes condições de sobrevivência.
Um filhote foi colocado numa gaiola com a sua mãe, a
qual logo se recuperou dos ferimentos. Ela o amamentava
regularmente, mantinha-o no colo, brincava com ele o tempo
todo. Mas o outro filhote, por ser mais agressivo, ficou
em outro lugar, onde passava a maior parte do tempo só,
embora recebesse todo o alimento de que precisava.
Aconteceu que, passados alguns meses, quando decidiram
devolver os animais à floresta, os aldeões perceberam
a enorme diferença entre os dois filhotes: o que, além
do alimento, recebera o carinho da mãe, tinha-se tornado
muito mais forte e ágil do que aquele que ficou isolado.
Este parecia sempre tristonho, desajeitado, frágil, e não
tinha a menor condição de sobreviver na floresta. Por isso
decidiram manter este em cativeiro e libertar apenas os
outros.
— Desde o início o alimento está associado ao aconchego
e ao afeto, para que também nutra a alma, mantendo-
a livre e forte. Assim, de nada adianta ao homem trabalhar
pelo alimento e riquezas materiais, se forem desprovidas
de amor e alegria.
* As águas das chuvas alimentam os rios, que
fertilizam a terra, que se prolifera em frutos, os quais, por
sua vez, alimentam a todos. E assim também todos os
recursos e talentos que você recebe são necessitados pelos
que o cercam, para que, nessa dependência mútua,
desenvolvam-se e busquem um mundo harmonioso.
O BANQUETE
Dono de um extraordinário talento nos negócios, um
mercador acumulou grande fortuna ao longo de sua vida, e
fez muitos amigos com a bondade e generosidade com que
costumava tratar a todos. Mas agora, sentindo o peso da
idade, inquietava-se sobre o que aconteceria após sua morte:
temia que seus herdeiros em pouco tempo perdessem suas
empresas e obras sociais que mantinha, destruindo o ganha-
pão de milhares de famílias. Apesar de ter muitos filhos,
não sabia se um deles poderia ser de fato um
continuador de sua obra.
Então, aconselhado por um velho amigo, o mercador
preparou um majestoso banquete, para o qual convidou
todos os seus filhos com suas respectivas famílias. Fez
questão que viesse até mesmo um filho bastardo, fruto
de um amor da juventude.
E durante o banquete, sem que ninguém percebesse,
o mercador ficou observando atentamente o comportamento
de cada um à mesa. Um dos filhos parecia desdenhar
o alimento, tal o desinteresse com que comia. Outro,
empolgado, pusera no prato mais do que poderia comer.
O mais velho deles, parecia preocupado e, ignorando
o alimento, discutia problemas políticos e negócios. Em
contrapartida, a filha caçula estava em festa, e alegremente
tagarelava, enquanto se servia apenas das guloseimas
excitantes, perdendo o paladar para os alimentos
suaves e mais saudáveis. O olhar perspicaz do mercador
também reparou que uma de suas noras tratava somente
de prover suas crianças, mas ignorava o pequeno sobrinho
ao seu lado, que encontrava dificuldade de servirse.
Um outro filho, ainda, tratou de servir-se primeiro,
escolhendo logo a parte do assado de sua preferência. O
único que, discretamente, reverenciou o alimento foi justamente
o seu filho bastardo. Este demonstrava cuidados
para que todos à sua volta estivessem bem servidos.
Comia devagar, enquanto conversava em tom ameno.
Agradecia os serviços dos criados toda vez que lhe traziam
algo. Revelava humildade e respeito nos seus gestos.
E alguns anos depois, com a morte do mercador, todos
se surpreenderam com o seu testamento. Ele deixou
o suficiente para todos, mas elegeu para dirigir os seus
negócios justamente aquele filho que, antes bastardo,
reconhecera ainda em vida como legítimo. Nele vislumbrara
as virtudes essenciais que mantinham a sua obra.
— A maneira como as pessoas buscam garantir o seu
alimento e sobrevivência, a maneira como se servem e partilham
os recursos, isto revela muito da sua natureza.
* Graças ao sacrifício de um alce, que é tomado como
alimento pelo tigre faminto, todos os outros se salvam.
Assim também a sua dedicação e sacrifício tragam
benefícios para todos.
A ÁGUIA E O FALCÃO
Um filhote de águia vai desenvolvendo ao máximo sua
habilidade de voar, impulsionado pelo instinto de sobrevivência.
E disso faz sua grande vantagem para buscar seu
alimento e para proteger-se nas alturas. É assim que ganha
sua majestade. Da mesma forma, a visão excepcional
do falcão é estimulada pela necessidade de perceber sua
caça; e isto o torna ímpar.
- E o homem desenvolve uma incrível engenhosidade,
inteligência e capacidade de trabalhar em grupo, na busca
de saciar suas necessidades, das mais simples às mais
elevadas, e superar desafios. É então que ganha o poder
de mudar o mundo, sonhar e amar. E isto o torna verdadeiramente
homem.
