26 PROVER

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É hora de abrir-se para os recursos que a vida oferece em
abundância, bem como de prover os que estão à sua volta.

“Deus ajuda a quem cedo madruga.” (051
“O bem e o mal o é para quem o faz.” (05)
“Mais vale amigo na praça do que dinheiro
em caixa.” (05)
“É dando que se recebe.” (08)

O VIAJANTE ESPERTO
— E agora, Mestre, para onde vou? — perguntou angustiado
um operário que perdera o seu emprego.
Então o Mestre contou-lhe essa breve estória (09):
— Um viajante, após horas de caminhada, resolveu
parar à margem da estrada, a fim de descansar sob a sombra
de um arbusto e alimentar-se.
Sentando-se numa rocha, junto a uma fonte de água
pura, revirou sua sacola e retirou uma velha panela, disposto
a preparar uma deliciosa sopa. Constatou, entretanto,
que não tinha mais quaisquer provisões. Então, apenas
encheu a vasilha com água e, tendo feito uma pequena
fogueira, recolheu algumas pedras, lavou-as e colocouas
dentro da panela, como se as fosse cozinhar!
Logo surge um camponês e um menino, moradores daquela
região, que vieram refrescar-se. Ao se aproximar para
conversar, como também estava com fome, o camponês dá
uma olhadela no suposto cozido que o outro preparava.
— Mas o que é isto?!
— Ah, eu estou preparando uma sopa de pedras —
respondeu o viajante com um tom de naturalidade e animação.
— É uma delícia e bastante saudável, pois as pedras
liberam muita energia. Mas — mexendo com a colher
— ficaria melhor ainda se tivesse um pouco de sal
para dar mais sabor.
— Ora, eu tenho sal em casa! Quero ver como vai ficar
essa sopa - disse prontamente o camponês, que pediu ao
seu filho para ir buscar o tempero. Em poucos minutos o
garoto estava de volta. Então o ingrediente foi adicionado
com cautela, enquanto a água já levantava fervura.
Nesse momento, aparece uma senhora, que parecia
exausta, trazendo com dificuldade uma pesada sacola. Ela
também faz uma parada ali. E fica curiosa sobre o que o
viajante estava preparando.
— É uma sopa especial — adianta-se ele — com um
sabor tenro, suave, e muito energética! Mas ficaria com
um toque diferente se tivesse alguns legumes...
— Mas que coincidência! Trago justamente algumas
hortaliças que uma vizinha ofertou-me de sua horta. Pode
usá-las. Quero ver como vai ficar essa sopa.
E, assim, também os legumes foram acrescentados.
Enquanto o pequeno grupo conversava animado em
torno da fogueira, esperando que o cozido ficasse pronto,
aproxima-se um velho comerciante para dar água aos cavalos
que puxavam sua carroça .
— Isso está cheirando muito bem! — comenta ele alegremente.
— Até está me dando fome!
— Pois seja bem-vindo, venha comer com a gente! -
disse o viajante . Essa sopa realmente é uma delícia. Mas
você nem imagina como ficaria ainda melhor se colocasse
uns pedacinhos de carne!...
— Carne?! Deixa que eu arranjo um pouco de carne -
dispôs-se o comerciante, revirando alguns pacotes dentre
as suas mercadorias.
Alguns minutos mais, e o cozido ficou pronto. E, de
fato, ficou delicioso.
Quando todos já tinham-se fartado, o viajante lavou a
panela e as pedras, guardou-as em sua sacola. Agradeceu
a todos, despediu-se e seguiu o seu caminho.
Então o Mestre finalizou com ênfase:
— A vida oferece-lhe tudo o que precisa em abundância.
Mas é preciso prover-se ativamente, estendendo a mão
para pegar, criando situações favoráveis. Em vez de andar
errante em busca de um paraíso, construa-o simplesmente
com o que a vida lhe dá. Disso resulta a sua aprendizagem
e evolução.

Aquele que tem o espírito elevado cuida das
coisas elevadas, e tudo o que necessita naturalmente
lhe é providenciado. Ele vive em harmonia
com as fontes provedoras de energia.

CONSIDERAÇÕES
- Como uma nuvem de gafanhotos, muitos deixam
atrás de si a devastação e seguem em busca de nutrir-se
do trabalho alheio. Nunca cultivam nada, e por isso logo
conhecem a escassez.
- Fazer visitas, cultivar amizades, nutrir de carinho
os que o rodeiam, estas são maneiras de manter suas fontes
de motivação e de oportunidades.
- É sempre bom deixar uma porta aberta para novas
oportunidades e novos conhecimentos. Do contrário, o que
você tanto procura baterá à sua porta e o encontrará muito
ocupado com seus problemas.
- Nada pode ser-lhe favorável quando você se coloca
contra a tendência natural dos fatos e o ritmo do seu ser.
- O medo da escassez pode impedi-lo de enxergar a
abundância, levando-o a esconder o pouco que tem. Entretanto,
quanto mais você der, mais terá. Quanto mais
você usar algo, com sabedoria, mais o desenvolverá.
- É necessário agradecer sinceramente àquele que o
provê, para que ele se sinta estimulado. Se você se acostuma
aos seus benefícios e passa a ignorá-los, somente ainda
mais, então ele se irrita e vai embora.

O PEDINTE
Um próspero comerciante já estava fechando o seu estabelecimento
ao final de um dia de trabalho, quando foi
abordado por um homem de expressão aflita:
- Senhor, por favor, ajude-me para que eu possa levar
o leite e o pão para os meus filhos. Eu não sou pedinte,
trabalho recolhendo ferro velho pelas ruas. Mas já há dois
dias não posso trabalhar, pois o meu carrinho quebrou e
não tenho dinheiro para mandar consertá-lo, e não posso
trabalhar para consegui-lo!
O comerciante ouviu sua história com atenção, e sensibilizou-
se.
- Pois bem, eu vou ajudá-lo. Aqui está o dinheiro para
alimentar os seus filhos por alguns dias.
- Muito obrigado! Muito Obrigado! Abençoado seja! -
agradeceu o homem, já se pondo em retirada.
- Espere. Esta outra quantia eu vou emprestar-lhe,
para que conserte o seu carrinho e possa trabalhar. E assim
logo você poderá me devolver o valor.
- Nem sei como lhe agradecer! Fique tranqüilo que eu
vou lhe pagar logo. Bastam-me um ou dois dias de trabalho
e já terei ganho o suficiente!
O comerciante na verdade testava qual o grau de confiança
que poderia depositar naquele homem, pois preten136
dia ofertar-lhe uma ótima oportunidade de trabalho. E esperou
dias, meses, mas o suposto trabalhador não mais apareceu,
tendo preferido tirar uma pequena e escusa vantagem
da situação.

— Assim como o lavrador que leva a terra à exaustão
para obter vantagens imediatas, também é tolo aquele que
esgota suas fontes de recursos e de ajuda.

* A terra e todos os recursos da natureza você não os
recebeu apenas como uma herança dos seus avós, mas,
antes, tomou-os emprestado dos seus filhos e netos. (4)