• O CAMINHO

    O LIVRO DAS BUSCAS

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    TRANSFORMAÇÕES, ESCOLHAS, GANHOS, PERDAS

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    DETERMINAÇÃO, INTEGRIDADE. NECESSIDADES, OBJETIVOS, SONHOS.

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    ELEGÂNCIA, ALEGRIA, SABEDORIA, COOPERAÇÃO

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    O SEU PAPEL NO MUNDO. SEUS DONS. SEUS DESAFIOS. SUA MISSÃO.

Baseado no I Ching, você faz uma pergunta, joga as moedas, e consulta o texto. Processo projetivo de tomada de decisões, visando superar desafios e melhorar a qualidade de vida.

19 APROXIMANDO-SE

código: cacoco-cacoco-cacaco-cacaco-cacaco-cacaco
É hora de simplesmente aproximar-se e deixar que se aproxime
aquilo que você deseja.

“Não basta chegar próximo, tem
que chegar lá!” (04)
“Quem vai com muita sede ao pote
pode derrubá-lo.” (05)

O CAMPONÊS FAMINTO
Despertado no meio da noite pelo choro do seu filho
com fome, um pobre camponês, no limite do desespero, deixou
o seu barraco em direção ao povoado, disposto a qualquer
coisa para trazer o que comer. No rosto levava a revolta
e a humilhação, no coração, a angústia, e, na cintura,
uma velha pistola enferrujada, que nunca utilizara.
Ao chegar na praça central, entretanto, ele teve uma
surpresa: inúmeras caixas transbordando de frutas e legumes,
sacos de cereais empilhavam-se. Parecia-lhe uma
alucinação! Ele ficou paralisado por alguns segundos, não
acreditava no que via. Para quem viera disposto a arrancar
violentamente o que precisava, era desconcertante
encontrá-lo assim tão acessível, sem a guarda de absolutamente
ninguém!
Desconfiado, temendo tratar-se de alguma armadilha,
o camponês enfim foi-se aproximando aos poucos, olhando
para os lados, atento ao menor ruído. Após rodear o seu
objeto de desejo, pôs-se a verificar se não havia nada de
errado com os alimentos. De repente, ele percebe um vulto
aproximando-se, e imediatamente leva a mão à arma:
— Calma, meu amigo! — disse-lhe o Mestre, que chegava
trazendo mais alimentos.
— Mestre! Desculpe-me, eu não o havia reconhecido.
Eu só estava... — titubeou. — É que estamos sem nenhuma
comida em casa...
— Ora, pare de desculpar-se! Não há nenhum mal em
buscar satisfazer suas necessidades. Tudo isso foi recolhido
pela comunidade para doar a vocês que estão sofrendo
com a seca.
Diante do olhar hesitante do camponês, que ainda não
estava convencido de que podia simplesmente se servir,
incentivou-lhe o Mestre:
— Vamos! Você precisa, você quer, vai ser bom para
você, é um direito e um merecimento seu. Então, você pode!
Pegue o que precisa e vá em paz. Apenas se lembre de dar
uma parcela desse alimento a um outro necessitado. Assim
cultivará a generosidade e atrairá a abundância.

Aquele que tem o espírito elevado cerca-se
daquilo que lhe faz bem e põe à distância o que
lhe faz mal. Agindo com tal simplicidade alcança
a paz e a prosperidade.

CONSIDERAÇÕES
- Aproximar-se é um ato de escolha. Por isso considere
se realmente vale a pena aproximar-se.
- Observe que, ao aproximar-se de algo ou alguém, revela-
se o seu interesse.
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- Às vezes não é oportuno evidenciar suas intenções
aos outros de início, devendo antes estruturar-se melhor
em segredo, para só então aproximar-se e manifestar-se.

O PORTO
Após muitas horas de trabalho em alto mar, um pescador
retorna para a aldeia com o barco repleto de peixes.
Está ansioso para chegar, vender o seu produto e comemorar
com os amigos e a família o sucesso alcançado.
Avistando o porto, entretanto, ao invés de precipitarse
em sua direção, o que causaria um choque desastroso,
ele começa a reduzir a velocidade aos poucos e vai-se aproximando
suavemente, descrevendo uma volta, até que, cuidadosamente,
consegue atracar sem nenhum impacto com
a estrutura sólida do porto.

— É preciso aproximar-se com sensibilidade e harmonia,
buscando adaptar-se e ajustar os limites.

* Observe o que está próximo e o que está-se
aproximando, pois é isto que determina as mudanças,
desejadas ou indesejadas, como a primavera que chega,
ou o inverno, ou ainda a morte, que está sempre vizinha
da vida, e dá-lhe um sentido extraordinário.

O BRINQUEDO
Um garoto brincava distraidamente num gramado
com sua bola, por horas a fio, alheio aos problemas, tecendo
fantasias. A certa altura, involuntariamente, chutou
com mais força a bola, que foi parar num lugar de densa
vegetação. Então, enquanto revirava as folhagens à procura
do seu brinquedo, deu-se conta de que estava com
muita vontade de urinar. Mas ele se conteve e continuou
sua busca. Inutilmente! Parecia ter simplesmente desaparecido!
Enfim, resolveu atender à necessidade do seu
corpo. Sentiu-se aliviado! Ao retomar a busca, encontrou o
seu brinquedo num lugar surpreendentemente bem diante
dos seus olhos!
— Como foi que não o tinha visto?! — pergunta-se ele.
— Quando as suas necessidades básicas são ignoradas,
ou quando você está sempre insatisfeito, gera-se um
incômodo que o impede de ver o que tanto busca e que está
tão próximo.

O LOBO FEROZ
Um lobo feroz vinha aterrorizando a vida pacata de
uma aldeia. Alguns dos seus ataques tinham feito vítimas
fatais. Já corria o boato, inclusive, de que se tratava de
uma criatura monstruosa, com poderes misteriosos e malignos.
Cansados de esconder-se, os moradores resolveram então
organizar uma expedição para caçar “a terrível fera”.
Incluía-se até um sacerdote, para fazer frente às “forças
do mal”. Após muitas horas de uma busca tensa na mata
fechada, avistaram o lobo próximo a uma caverna. Entretanto,
para espanto de todos, o animal dormia preguiçosamente
ao lado de um velho índio que vivia na floresta.
Ao perceber a aproximação dos caçadores, o lobo pôsse
em alerta. Mas o velho índio tranqüilizou-o, acariciando-
lhe a cabeça.
— Esse não é o lobo assassino?! — gritou de longe um
dos aldeões.
— Ele não fará mais mal a ninguém. Acalmem-se! —
respondeu. E, com um simples sinal, ordenou ao lobo que
fosse embora rapidamente.
Os caçadores entreolharam-se, murmurando que o índio
talvez fosse “um milagreiro”.
— O lobo oferecia perigo apenas porque estava faminto
- prosseguiu o velho índio. - Apenas o alimentei, e pude
aproximar-me sem correr maiores riscos. Eis o segredo do
“milagre”.

— É sábio prover aqueles que o cercam e se aproximam,
descobrindo de fato o que necessitam, e favorecer
que se saciem, para que venham em paz. Abrande primeiro
aquilo que o ameaça, a fim de que possa então aproximar-
se e controlar a situação.

* O vento úmido anuncia a aproximação da chuva tão
esperada. O cheiro fétido de uma comida estragada já é o
suficiente para que ninguém ouse levá-la à boca. Assim
também você encontrará sempre os sinais evidentes de
tudo que se aproxima, dando-lhe condições de preparar-se
para receber ou evitar, conforme sua conveniência.
 
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