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É hora de retirar-se da atividade e repousar, para repor as energias.“O sono é bom conselheiro.” (05)
A TEMPESTADE
Como já era noite e chovia bastante, os caçadores providenciaram
uma barraca para que o Mestre e seus discípulos
pernoitassem na mata. E sucedeu que, durante a
madrugada, sobreveio uma forte tempestade, com relâmpagos
que clareavam todo o interior da barraca, trovões
furiosos e uma ventania que ameaçava arrastar a lona que
os protegia. Os discípulos acordaram assustados, e comentavam
sobre o risco de inundação, de ficarem ilhados por
dias, de serem atingidos por um raio etc. O Mestre, entretanto,
para espanto deles, continuava dormindo tranqüilamente,
como se a tempestade acalentasse o seu sono.
— Mestre, acorde! — gritaram, não conseguindo mais
conter o medo.
— O que foi? Por que tanta agitação?!
— Não vê que estamos no meio de uma tempestade?
Vamos ser atingidos por um raio!
— Eu não estaria tão certo disso. E nada podemos fazer
senão aquietar-nos em nosso abrigo, que nos oferece
uma razoável — porém nunca total — proteção. Sosseguem,
os relâmpagos e trovões são nossos companheiros
antigos. Estão simplesmente fazendo sua milenar tarefa
de renovação da natureza.
— Mas, Mestre, como podemos dormir, sabendo que
estamos ameaçados?
— Façam sempre o que estiver ao seu alcance para
enfrentar as ameaças e superar os desafios. Mas saibam
reconhecer quando não há o que fazer, e aquietem-se. Amanhã
bem cedo, avaliaremos e cuidaremos dos estragos provocados
pela tempestade, e tudo seguirá o seu curso normal.
Vendo que ainda estavam preocupados, completou:
— A ansiedade de vocês nem lhes permitiu observar
que o intervalo entre o clarão dos relâmpagos e o estrondo
dos trovões está cada vez maior. Isto significa que as nuvens
estão indo para longe. Agora, descansem!
No dia seguinte, comentou com os discípulos a respeito
do ocorrido na madrugada:
— O descanso tranqüilo resulta da confiança na harmonia
que tudo rege, independente de sua atividade e vigília.
Aquele que tem o espírito elevado descansa
tranqüilo, protegido pelas forças que regem o
Universo.
CONSIDERAÇÕES
- Tendo tomado a decisão certa e tendo assumido o
custo de sua decisão, extinguem-se os conflitos, e você repousa
firme como uma rocha.
- Como a noite convida para o repouso, a manhã para
a ação, tudo tem o seu tempo. O repouso sempre termina
num ponto em que é exigida a ação.
- O repouso excessivo instala a preguiça, e rouba a energia
que seria utilizada na fase de atividade, que o sucede.
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Então tudo acaba sendo feito às pressas, sem harmonia,
para compensar o tempo perdido.
- O repouso tranqüilo é prêmio daqueles que não carregam
consigo medos, culpas e cobranças do seu dia. Antes,
apaziguam-se com as bênçãos dos seus antepassados
e de todo o Universo, na certeza do dever cumprido e da
benevolência para com os seus erros.
A HIBERNAÇÃO DO URSO
Após muitos dias de preparação para o inverno, o urso
caçou bastante e armazenou em seu corpo gordura suficiente
para enfrentar os rigores do frio, sem precisar alimentar-
se. Está tudo em ordem, e ele enfim se recolhe, protegido
na sua caverna, e dorme profundamente.
— Para poder descansar, você precisa sentir que tudo
está basicamente em ordem.
* O sol, a lua e as estrelas permanecem no seu curso.
As quatro estações continuam a suceder-se no seu tempo.
As ondas do mar mantém o seu balanço há milênios... Não
seja presunçoso, ao pensar que o mundo vai desmoronar
se você repousar!
O PASTOR SONOLENTO
Já por duas noites, um lobo vinha atacando o rebanho
de ovelhas, fugindo antes que o pastor surgisse. Por isso,
na noite seguinte, dois pastores alternaram-se na vigília,
dispostos a vencer a esperteza do lobo.
Mas, tendo talvez farejado o perigo, ele não apareceu
durante toda a noite. Quando se insinuavam os primeiros
clarões do alvorecer, o pastor relaxou um pouco a vigília e
cochilou. Foi o suficiente para que o lobo sorrateiramente
atacasse mais uma vez.
— O repouso no momento inadequado pode ser desastroso.
Observe a hora de repousar, a hora de vigiar e a hora
de agir.
