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    O SEU PAPEL NO MUNDO. SEUS DONS. SEUS DESAFIOS. SUA MISSÃO.

Baseado no I Ching, você faz uma pergunta, joga as moedas, e consulta o texto. Processo projetivo de tomada de decisões, visando superar desafios e melhorar a qualidade de vida.

11 TEMPO DE PAZ

código: cacoco-cacoco-cacoco-cacaco-cacaco-cacaco
É hora de sossegar a mente e o espírito, e prosperar na harmonia.

“A sabedoria conduz à paz, o medo ao comodismo,
e a ignorância à violência.”

O ROUBO DO CÁLICE SAGRADO(04)
A pequena aldeia de índios parecia excepcionalmente
agitada naquela manhã. Havia um certo burburinho. Pequenos
grupos comentavam nervosos a respeito de algum
acontecimento, e as mulheres tinham largado seus afazeres
para debruçarem-se sobre as janelas.
— O que aconteceu — perguntou um jovem médico
voluntário a uma senhora de idade bastante avançada, a
qual observava tudo à distância, com um olhar triste.
— Roubaram o cálice sagrado.
— E ele era um desses de ouro, com pedras preciosas?
— Não, nada disso. Ele era um simples cálice de bronze.
— Ora, então por que tanto pesar? Basta comprar outro!
- Você não sabe que este objeto faz parte dos nossos
rituais sagrados há centenas de anos? Pesava sobre ele
uma profecia muito antiga, que assegurava que um dia
seria roubado e que , quando isto acontecesse, o fim do nosso
povo estaria próximo.
Julgando-a ingênua e supersticiosa, o rapaz esboçou
um sorriso complacente e procurou confortá-la:
— Não tema, pois nada de mal acontecerá a vocês apenas
por causa de um roubo. Isto pode acontecer em qualquer
lugar.
— Meu filho — disse a senhora — os objetos em si não
têm nenhum valor para nós. Mas o fato de um dentre nós
ser capaz de tratar com tal descaso os valores mais sagrados
deste povo, isto, sim, confirma que estamos começando
a aniquilar-nos. Ainda mais diante da suspeita que o cálice
tenha sido roubado para transformar-se em munição, a
servir os sangrentos combates com os invasores de nossas
terras.
— Quando se desrespeita algo sagrado, rompe-se um
elo essencial, surgem a angústia e a inquietação — comentou
o Mestre ao ouvir a narração do jovem médico sobre
este episódio.
— Mas o que torna algo sagrado, Mestre? — perguntou
um discípulo.
— Todas as coisas têm o seu valor sagrado, mas nem
todos estão aptos a percebê-lo. Veja este simples alimento
— disse, referindo-se a uma salada que preparavam para
o almoço. — Se você for mesquinho, ficará irritado com a
demora no preparo, desejará fazer tudo às pressas para
saciar sua avidez. Comerá em exagero e sem prazer. Se,
no entanto, o seu espírito estiver em paz, apreciará o colorido
dos legumes, vislumbrará o trabalho de muitos para
que este alimento aqui esteja, a cooperação da natureza
para transformar uma semente em abundantes frutos.
Você será capaz de sentir um pouco do gosto da terra, do
sol e da chuva, que nutriram a lavoura por tantos meses.
Talvez até partilhe um pouco da alegria dos camponeses
na colheita. E, assim, no seu íntimo brota uma reverência
pelo alimento, um sentimento de gratidão pelo dom da vida.
E, tomando uma pequena porção de sal, o Mestre faz
um gesto para que o discípulo se aproxime mais:
— Feche os olhos e experimente este sal, como se fosse
a primeira vez que sentisse o seu sabor.
Enquanto o discípulo degustava o sal, o Mestre desafia:
— Tente descrever-me, se for capaz, exata e minuciosamente,
como é esta sensação que costumamos chamar
de “salgado”?
— Ora, é assim... — tentou em vão colocar em palavras.
— Um simples sabor tão básico, tão conhecido, não
pode ser definido, é infinito. E tudo se torna sagrado quando
resgata uma ponte com o Infinito, o Belo, o Eterno.
E concluiu o Mestre:
— É preciso voltar a reverenciar o sagrado que se revela
em tudo, no nascer e no pôr-do-sol, na brisa da noite,
na chuva, no sorriso de uma criança, no olhar de uma
mãe... Torne cada dia de sua vida especial e sagrado, e a
paz será restabelecida.

Aquele que tem o espírito elevado cultiva a
paz, respeita e confia na ordem que rege todas
as coisas.

CONSIDERAÇÕES
- De nada adiantam suas conquistas se você vier a perder
a sua paz. Somente na paz pode haver verdadeira prosperidade.
- Num período de paz você não deve abandonar-se na
preguiça, por estar acostumado a mudar apenas pelas pressões
dos problemas. É um tempo propício para harmonizar-
se, ganhando forças para uma fase seguinte, que lhe
exigirá mais atividade.
- Para encontrar a paz, é preciso saber aceitar as coisas
como são. Ficar de bem com a vida, valorizar o que há de
bom, ao invés de estar sempre reclamando do que lhe falta.
- Quando sentir que a sua vida se tornou uma luta
desgastante, sem sentido, pare com tudo, retire-se da agitação,
aquiete-se, silencie-se interiormente e reencontre a sua paz.
- O que é passivo espera que os outros plantem e colham
para alimentá-lo. O que é paciente sabe esperar confiante
o fruto amadurecer, para alimentar-se. O que é pacífico
planta, colhe em abundância e alimenta a todos.

* Como uma criança repousa tranqüila no colo da mãe, o
contato harmonioso com a mãe natureza devolve-lhe a paz.

* Toda planície é seguida por uma encosta; todo avanço
é seguido por um recuo. A paz surge ao perceber-se que as
dificuldades não são um caos, mas apenas uma fase da vida,
que logo será sucedida.

O SOLDADO LOUCO
Embora a guerra tenha terminado, um soldado continua
escondido na selva, pois, tendo sido julgado morto pelos
seus companheiros, não foi avisado. O simples ruído
dos pássaros na copa das árvores põe-no em estado de alerta,
o uivo de um lobo na noite para ele é certamente o inimigo
disfarçando um ataque. O seu sono é intranqüilo. Os
seus dias são preenchidos com atividades bélicas, como lubrificar
armas e conferir armadilhas. Várias vezes chegou
a encontrar velhos caçadores que, em vão, tentaram convencer-
lhe de que não havia mais inimigos. Ele no entanto
os desarmava e fazia-os retornar com mensagens de
ameaça aos seus supostos generais. Viveu assim até o dia
em que, lançando-se numa briga corpo a corpo, foi devorado
por um grande urso, o qual ele julgara ser apenas um
disfarce de um soldado inimigo.

— Muitos são os que vivem enlouquecidos em suas vidas,
vendo inimigos por todos os lados, sempre disputando,
tramando ataques, ameaças. Vivem tomados pelo vício
da guerra, pois não sabem mais o que fazer nem para onde
ir, se simplesmente pararem de guerrear.

Mantendo o som do mar ecoando em seus ouvidos, lembrando-
se da sua brisa fresca no seu rosto, ouvindo o alegre
e despreocupado canto dos pássaros, encantando-se com
as flores que festejam sua passagem, coloquiando com as
estrelas silenciosas. O seu espírito expande-se e repousa,
ao perceber-se parte de algo infinito e harmonioso.
 
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