• O CAMINHO

    O LIVRO DAS BUSCAS

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    TRANSFORMAÇÕES, ESCOLHAS, GANHOS, PERDAS

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    DETERMINAÇÃO, INTEGRIDADE. NECESSIDADES, OBJETIVOS, SONHOS.

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    ELEGÂNCIA, ALEGRIA, SABEDORIA, COOPERAÇÃO

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    O SEU PAPEL NO MUNDO. SEUS DONS. SEUS DESAFIOS. SUA MISSÃO.

Baseado no I Ching, você faz uma pergunta, joga as moedas, e consulta o texto. Processo projetivo de tomada de decisões, visando superar desafios e melhorar a qualidade de vida.

10 A ARTE DE CAMINHAR

código: cacoco-cacoco-cacaco-cacoco-cacoco-cacoco
É hora de seguir simplesmente o seu caminho, resignado.

“Não basta chegar lá. É preciso amar o seu
caminho.”

A CAMINHADA(04)
— O clima deve estar tenso por lá, não é Mestre? —
comenta o jovem discípulo, que caminha com o Mestre por
uma estrada íngreme, referindo-se aos conflitos entre dois
grupos religiosos que disputavam o direito a um templo
secular.
— É...- limita-se a confirmar.
Embora ofegante, o rapaz fala sem parar sobre sua
visão crítica a respeito da violência, a corrupção dos líderes
religiosos etc.
Enquanto andavam, já há quase uma hora, o Mestre
ouvia-o calado, parecendo mais atento aos pássaros que
surgiam pelo caminho, às flores silvestres e ao brincar das
águas de um pequeno e lépido riacho, que os seguia.
A certa altura, o Mestre detém-se e, enquanto acaricia
a as folhas aveludadas de uma planta nativa que lhe
chamara a atenção à beira da estrada, pergunta:
—Você não se cansa de falar de problemas?
— Mas, Mestre, não são problemas banais. Incomodame
ver o caos e a violência que toma conta da humanidade!
— Está bem... — diz, retomando o caminho tranqüilamente.
E, logo em seguida, pergunta num tom casual: —
Mas o que há com a sua perna? Por que está mancando?
— Eu?! Não estou mancando!...
O Mestre olha para o seu jeito de andar e sorri.
— Espere, eu acho que a planta do meu pé está ardendo
um pouco! - diz o rapaz. E, apoiando-se no ombro do
Mestre, retira sua sandália, e descobre uma pequena e pontiaguda
pedrinha que lhe machucava.
— Puxa, faz tempo que eu estava sentindo um certo
mal-estar! Mas, entretido com o que lhe falava, nem sabia
ao certo o que era. Ah, que alívio! — lançando para longe
a pedra.
— Ora, como você espera resolver os problemas do mundo,
se nem percebe o mal que aflige a si mesmo?... Muitas
vezes, os problemas são como essa pedrinha na sua sandália:
estão ali machucando, mas, enquanto puder negá-los,
você vai seguindo adiante com uma sensação difusa de insatisfação.
Então começa a atribuir o seu mal-estar a coisas
fora de você, aos outros. E logo passa a amaldiçoar até
o seu caminho.
E finaliza o Mestre:
— Para levar a paz é preciso caminhar na alegria e na paz.
Aquele que tem o espírito elevado segue sempre
o caminho da harmonia, como um sacerdócio
que jamais abandona.

CONSIDERAÇÕES
- Não faça de suas limitações desculpas para não caminhar,
pois mesmo um manco pode andar, e quem tem
apenas um olho ainda pode enxergar.
- Aquele que fica ora a olhar para trás, ora para frente,
avaliando o quanto já caminhou e o quanto ainda falta
para caminhar, acaba por não chegar a parte alguma.
- Quem caminha deve carregar poucas coisas, somente
o essencial. E, para seguir a sua trajetória na vida, você
não deve sobrecarregar-se com seus medos , excessos de
proteção, rancores, culpas e ambições.
- Todo caminho é uma aventura: não se sabe exatamente
o que vai encontrar. Por isso é necessário, de um
lado, muito cuidado e atenção para os possíveis perigos; de
outro lado, é necessário dispor-se a correr algum risco, permitir-
se ao novo.
- Ao longo do caminho, no seu devido tempo, você encontrará
o que precisa para ir adiante, pois você não anda
solitário num deserto, mas em meio a muitos recursos, oportunidades
e pessoas que surgem para oferecer-lhe algo.
Saiba reabastecer-se ao longo do caminho.

O JOVEM AVENTUREIRO
Entediado com a vida monótona da corte, um jovem
príncipe decidiu lançar-se pelo mundo em busca de aventuras.
O rei e a rainha, vendo que seria inútil insistir para
que ficasse, apoiaram-no, dando-lhe tudo o que precisaria
para a viagem. Entretanto, no dia da partida, ao ver as
três carruagens cheias de roupas, mantimentos e jóias,
além trinta criados e uma escolta de doze homens que lhe
destinaram, o príncipe foi ter com os seus pais:
— Eu sei que vocês só querem o melhor para mim -
disse ele carinhosamente - mas é justamente desse excesso
de proteção que estou tentando libertar-me. Assim so62
brecarregado, demoraria meses só para sair dos limites do
reino!
E, tendo escolhido o cavalo mais veloz, cruzou sozinho
a linha do horizonte, sob os olhares lacrimejantes dos pais.
Nas suas andanças, ao longo de anos, estava sempre
buscando algo diferente, emocionante. Atravessou vários
países, lindas paisagens, mas em nenhum lugar fixou morada.
Conheceu mulheres encantadoras, mas nenhuma ganhou
o mais íntimo do seu coração. Conquistou muita riqueza,
com o seu inigualável talento no comércio de jóias,
mas isto não o empolgava muito. O que lhe despertou um
grande interesse foi a prática de escalar. Viajou para bem
longe muitas vezes, apenas para desafiar uma nova montanha.
E, justamente num desses momentos mágicos em
que contemplava a vastidão que se lhe descortinava do
alto de um pico, lembrou-se das cordilheiras fantásticas
da sua terra natal, as quais nunca explorara. Sentiu, então,
vontade de voltar para casa.
Entretanto andara a esmo, por tanto tempo, que agora
tinha dificuldades de recordar-se do caminho certo. Tinha
como referência apenas um velho moinho, que ficava
bem na entrada do reino do seu pai.
— Você sabe onde tem um moinho, próximo de uma
nascente? — perguntou ele a um velho que descansava
sob uma árvore, à beira da estrada.
— O moinho faz a farinha, com a qual se faz o pão, que
alimenta a todos. Este é o caminho: ajude as pessoas.
Estranhando a resposta, o príncipe agradeceu e seguiu
adiante, julgando que o homem não tivesse mais o seu juízo
perfeito.
Com as indicações que foi colhendo na estrada, enfim
avistou o imponente moinho. A alegria da chegada, no entanto,
logo cedeu à constatação de que o mundo não havia
parado, à espera de sua volta: o moinho estava abandonado;
o pai estava doente; surpreendeu-se com os cabelos
brancos que então coroavam sua mãe; ficou sabendo que
um antigo amor que lá deixara, havia partido para bem
distante; o reino enfrentava um período de fome e revoltas
internas.
Mas ao invés de se abater, o príncipe compreendeu que
tinha ali um verdadeiro desafio, maior do que todos que
enfrentara. E assumiu o seu lugar no governo, usando o
seu talento para devolver, em poucos anos, a prosperidade
e a alegria ao reino. Mais tarde, com a morte do pai, tornou-
se o novo rei, governando com sabedoria e justiça, ao
lado da mulher que amava.
E, num final de tarde, enquanto contemplava o seu
filho brincando no jardim, olhando para o que fizera de
sua vida, sentiu-se pleno, como nenhum topo de montanha
jamais o fizera sentir-se. Ocorreram-lhe então as palavras
do velho que julgara insano. Ele tinha toda a razão:

— A disposição de ajudar as pessoas e servir é que dá
um sentido extraordinário à vida, revelando o verdadeiro
caminho de cada um.

* Do que lhe servem atalhos que o conduzam a lugares
onde de fato não deseja chegar?

* É tolice esperar chegar em outro lugar percorrendo
sempre o mesmo caminho.

O TREM
O trem percorre extensas planícies, atravessa vales,
pontes... E um viajante tolo vê tudo passar pela janela do
seu vagão, mas não sabe para onde o trem está indo, nem
quem o conduz.

- Se você não conduzir a sua vida, alguém a conduzirá.
É sábio buscar sempre o caminho suave, o qual não é
suave porque não tenha dificuldades, mas porque segue, sem
conflito, a vontade do Universo que pulsa no seu coração.
 
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