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É hora de reunir o que está disperso e desligado, e formar umaunidade, coordenada para um objetivo.
“A união faz a força.” (05)
OS CAÇADORES
— O que posso fazer, Mestre? Sinto pena de ver as
pessoas com a sua vida difícil, muitas vezes até passando
fome... mas tenho minha família para cuidar. Não posso
abrir as portas do meu mercado e permitir que venham
saciar a sua fome. E depois, do que viverei?! —
argumentava um comerciante, ante o pedido do Mestre
para que doasse alimentos às vítimas de uma terrível seca
que assolava a região.
— Ouça-me! — disse o Mestre, com voz firme e
confrontando o olhar. — Não estou apelando para o seu
sentimentalismo ou caridade, mas para que participe na
resolução de um problema pelo qual você também é
responsável.
— Como assim? O que eu fiz para criar essa miséria?
— O que não fez, o que pode fazer e não faz, o quanto
é beneficiado ou prejudicado por essa miséria... essas são
questões que podem revelar-lhe o seu grau de
responsabilidade.
Profundamente incomodado com as palavras do amigo,
pelo qual nutria grande respeito, o comerciante silenciou-
se, pensativo. Então o Mestre lhe contou a seguinte
parábola:
— Dois caçadores percorrem as montanhas cobertas
de gelo à procura de alimento, pois as provisões de suas
famílias estão terminando. Já faz algumas horas que
exaustivamente exploram a floresta, mas nada encontram.
Subitamente, um vento forte e gelado surge,
anunciando uma tempestade iminente. Então o caçador
mais velho e experiente recorda-se de que não muito longe
dali há uma cabana, um refúgio de caçadores.
Açoitados pelo vento e pela neve, que logo se
precipitam, eles se dirigem apressadamente em busca do
abrigo. Estão famintos e despreparados para enfrentar
uma tempestade como essa, e por isso correm risco de vida.
Mas, felizmente, chegam a tempo. E que agradável
surpresa quando abrem a porta: peles de animais para
protegerem-se do frio estão empilhadas a um canto; um
feixe de lenhas secas, querosene, fósforo, castanhas,
biscoitos e até uma garrafa de um bom vinho! Estão salvos!
Ninguém morava naquela cabana, pois era apenas um
ponto de apoio no meio da floresta, justamente para quem
precisasse de abrigo. E todas aquelas provisões foram
deixadas por cada um dos muitos outros caçadores que já
haviam-se protegido ali. Eles se preocuparam em oferecer
algo até um pouco melhor do que encontraram para quem
viesse mais tarde.
Os caçadores passam a noite na cabana e, no dia
seguinte, antes de partirem, retribuem o bem recebido dos
seus desconhecidos amigos, tratando de repor as provisões
e fazer alguns pequenos reparos no telhado.
— Outros virão depois de nós! — murmurou o velho
caçador, enquanto trabalhava.
Tendo narrado essa parábola, o Mestre volta-se para
o seu amigo comerciante e diz:
— Existe, sem dúvida, muito maior satisfação em servir
do que em ser servido. É então que cada um se descobre
útil e importante, despertando a consciência do próprio
valor e do valor da união.
Aquele que tem o espírito elevado promove o
sucesso de todo o conjunto.
CONSIDERAÇÕES
- Para que haja união é preciso estabelecer um ponto
de convergência verdadeiro, um interesse comum a ser partilhado.
Senão, semeia-se a confusão.
- Escolha bem com quem vai unir-se, pois na união é
fundamental confiar, e confiança não se dá às cegas.
- A verdadeira união ocorre de maneira livre e espontânea,
a partir de idéias, interesses e objetivos que se encontram.
- A união estabelecida a partir de mera cumplicidade
e interesses egoístas logo se desfaz, pois, na busca de tirar
proveito próprio, um tenta devorar o outro.
- Para que se unam a você é preciso erguer a sua bandeira
bem alto, mostrar os seus propósitos, e oferecer os
seus votos de sincera confiança.
* Como uma gota que toma consciência de ser parte
do imenso oceano, e estremece ao ver em si mesma o poder
de um maremoto, igualmente o homem, quando se percebe
uno com todo o universo, encontra o seu sentido e o seu
imenso poder.
A PONTE
Numa região entrecortada de rios de difícil navegação,
vários povoados viviam mais ou menos isoladamente,
pois se julgavam auto-suficientes. Entretanto, certa vez,
já nas proximidades do inverno, uma forte chuva de gra55
nizo destruiu quase todas as plantações. Ameaçados pela
fome, os habitantes de um desses povoados decidiram construir
uma ponte, ganhando acesso a um povoado vizinho,
o qual tinha tido colheita abundante. Mas, na pressa, construíram
uma ponte muito frágil, com suas extremidades
apoiadas sobre a areia solta. Assim, às primeiras chuvas,
a ponte cedeu e não tardou a ser arrastada pelas águas. E
a fome sobreveio-lhes.
Outro povoado, entretanto, também necessitado de alimento,
procurou estabelecer relações com os vizinhos, oferecendo-
lhes em troca sua rica tapeçaria e casacos úteis
para protegerem-se do inverno rigoroso. Assim conseguiram
a sua cooperação para a construção da ponte. Logo
concluíram uma obra sólida, com as extremidades apoiadas
em rocha firme. E as tempestades não a abalaram.
— Uma verdadeira união não se estabelece apenas
para tirar vantagens, mas para trocar.
Quando constrói uma ponte, você pode chegar até o
outro lado, mas lembre-se de que também quem está lá
usará ea ponte para chegar até você.
Se você é o centro de uma união, seja como uma ponte
sólida, pois grande é a sua responsabilidade.
* Assim como todo o encanto de uma flor do campo não
pode ser descrito como um aglomerado de pétalas, quando
você age de maneira coordenada suas ações ganham graça
e poder. Não basta somar é preciso coordenar todos os
elementos.
A unidade é a essência do cosmo e da vida. Todos os
fatos, todo os fenômenos, todas as pessoas, tudo está ligado
entre si. Nada está isolado, nada é fruto do acaso absoluto,
como não é por acaso que a primavera sucede o inverno.
E é fundamental viver com a percepção desse elo
que torna você um conjunto com o universo.
