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Baseado no I Ching, você faz uma pergunta, joga as moedas, e consulta o texto. Processo projetivo de tomada de decisões, visando superar desafios e melhorar a qualidade de vida.

36 LUZ NA ESCURIDÃO

código: cacoco-cacaco-cacoco-cacaco-cacaco-cacaco
É hora de buscar uma referência correta e segura para guiar-se em
meio às dúvidas e dificuldades.

“A escuridão revela as estrelas que lhe servirão
de guia na caminhada.”
“Onde tem fumaça, tem fogo!” (05)

O LINCHAMENTO
Protegida pela escuridão da noite, uma multidão irada
invadiu o presídio do povoado, arrastando para fora, às
pancadas, um homem que confessara a autoria do assassinato,
com requintes de crueldade, da médica que servia à
comunidade, tão somente para roubar-lhe a bolsa. Todos,
enfurecidos, gritavam por vingança. Pretendiam linchálo
ali mesmo!
— Vocês perderam a lucidez?! — ergueu a voz o Mestre,
que fora avisado do linchamento e viera rapidamente
para tentar impedi-lo. — Quando se tira a vida de alguém,
a sua própria luz se apaga.
— Quem faz o que ele fez, não merece viver! - bradou
alguém do meio da multidão, que apoiava com gritos inflamados
de ódio.
— E quem de vocês merecerá viver depois de repetir o
mesmo ato tão cruel e covarde?
Fez-se um murmúrio, seguido de silêncio.
— Este é o momento apropriado para reafirmarem os
valores nobres que regem este povo. Dêem a este homem o
direito a um julgamento e uma pena, os quais lhe trarão a
oportunidade de recuperar a sua luz e redimir-se.
Quando uns já começavam a discutir com os outros
sobre o que falara, o Mestre percebeu que a ira cega tinha
cedido, e a luz do discernimento ressurgia. E foi justamente
neste instante que um reforço policial chegou, dispersando
a multidão e reconduzindo o homem a uma prisão
mais segura.
Muitos anos após esse episódio, já de cabelos um pouco
grisalhos, esse homem, que quase fora linchado, dedica
a sua vida aos doentes e feridos no hospital do povoado,
revelando uma bondade que antes jazia escondida.
— Todo mal é fruto da ignorância. Quem conhece a
preciosidade da vida jamais quererá fazer mal a si mesmo
ou ao seu semelhante — disse aos seus discípulos.
E finalizou:
— Quando o fogo dos problemas, medos e emoções borbulharem
em seu interior, qual um vulcão, procure fixarse
naquilo que é correto, que você sabe que é o melhor para
você. Senão eles é que dominarão, e explodirão em larvas
que ferirão a todos que o rodeiam.

Aquele que tem o espírito elevado brilha naturalmente
com suas ações e palavras, que são
uma referência na escuridão.

CONSIDERAÇÕES
- Muitas vezes a determinação pode levá-lo a desprezar
o cansaço e os ferimentos, ignorando a noite e o dia, e
só descansar quando tiver superado o perigo ou atingido o
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seu objetivo. Isto é louvável, mas logo deve ceder obrigatoriamente
a uma fase de descanso, para recuperar o vigor.
- Aquilo que se procura esconder acaba ganhando força
e dominando a situação.
- Você deve cultivar a lucidez, procurando sempre tornar
claro para si mesmo os seus sentimentos e propósitos
que se movem em seu interior.
- Na incerteza, procure simplesmente obedecer as regras,
siga um modelo confiável, e logo surgirão suas próprias
referências. Mas não fique paralisado, esperando que
algo aconteça.
- Querer brilhar sempre, chamando a atenção dos outros
sobre si, demonstra fragilidade interior. Além disso,
muitas vezes, o mais vantajoso é não aparecer.
- Diante das dificuldades, que você se precipita em julgar
acima da sua capacidade, muitas vezes surge uma surpreendente
força, que estava escondida.

*Não é subindo em uma alta torre que você terá as
estrelas mais perto de você, mas quando olhar para o alto,
abrir os braços e o seu coração, e permitir-se ao
encantamento. Assim, a sabedoria será encontrada não
com uma torre de conceitos, mas com a abertura e o
despojamento de espírito.

*Quem cultiva o silêncio e a simplicidade tem nos olhos
o brilho de quem percebe a essência das coisas.

A CAVERNA ESCURA (12)
Os habitantes de uma pequena tribo acostumaram-se
a viver, já desde muitas gerações, numa caverna escura,
protegidos de animais ferozes e tempestades. Não saíam
de lá para nada absolutamente, uma vez que até o alimento
conseguiam no riacho que fluía por entre as suas rochas.
Os mais jovens eram alertados com estórias de terríveis
monstros imortais, devoradores de homens, que habitavam
lá fora, e dos quais, vez ou outra, podiam-se ouvir os urros
e rugidos, ou ver seus vultos projetados nas paredes..
Certa vez um dentre eles, mais inquieto e curioso, quis
saber por si mesmo o que havia lá fora. Às escondidas, burlou
os guardas e foi aproximando-se daquela luz intensa.
Logo o seu grito ecoou pela caverna! Ele voltou com as
mãos nos olhos, completamente tonto: Ficara cego a partir
de então. Para todos, tratava-se de um castigo dos deuses
irados.
Demorou muito tempo para que surgisse outro que ousasse
desafiar a luz. Obviamente foi também tratado como
louco, desequilibrado. Mas este foi mais cauteloso que o
outro, e providenciou alguns véus para proteger os olhos
do contato direto com a luz. Então, já lá fora, apenas depois
de um bom tempo, foi retirando cada véu,
gradativamente. Os seus olhos tiveram condições de ir
adaptando-se, fortalecendo-se para receber a luz. E, dessa
maneira, ele pôde conhecer as maravilhas que ninguém
da sua tribo jamais imaginara.
O curioso é que, por mais que tentasse convencer os
outros a também irem conhecer o mundo iluminado, preferiam
julgá-lo um ser com poderes especiais, um mito. Não
se acreditavam capazes de fazer o mesmo..

— As trevas impedem-no de ver, mas também uma luz
muito intensa pode cegá-lo. É preciso cuidar para que o
encontro com a luz da verdade seja um processo de aprendizagem
e harmonização, e não um choque ou uma experiência
alucinante.

*Sentimentos mal resolvidos, ferimentos mal
cicatrizados, são como brasa que parece apagada, mas
basta o soprar dos desafios e eis que se erguem altas
labaredas.

LUZES APAGADAS
O soberano de uma nação muito pobre vivia, vergonhosamente,
no luxo e na ostentação. Como não tinha a
confiança do seu povo, fazia-se cercar de todos os cuidados
para não perder o controle sobre os seus súditos e o seu
tesouro. Era extremamente desconfiado. Através da força,
do terror e da vigilância contínua, procurava inibir toda
revolta ou situação que se insinuasse ameaçadora. Com
medo de ser roubado pelos próprios funcionários do reino,
mantinha um fiscal para o seu tesoureiro, e também um
fiscal do fiscal, que era trocado continuamente, a fim de
não correr riscos. A princesa, tratava-a quase como prisioneira,
para protegê-la da cobiça dos seus inimigos. Nada
acontecia no reino sem que guardas e espiões lhe informassem
rapidamente.
Este clima tenso também atingia o próprio soberano,
que nem sequer conseguia dormir no escuro, perturbado
por visões assustadoras durante o sono. Ele desenvolvera
um verdadeiro pavor da escuridão. Por isso, há muito determinara
que as tochas do palácio ficassem acesas dia e
noite.
Entretanto, numa noite sem luar e sem estrelas, enquanto
o rei dormia, toda a iluminação do palácio foi extinta
de uma só vez, por ação dos seus inimigos secretos.
Ouviram-se gritos, atropelo pelos corredores, sons de objetos
despedaçando-se pelo chão. Quando a luz foi recuperada,
os funcionários do palácio ficaram alguns minutos paralisados
diante de tamanha devastação e desordem. Algumas
horas apenas de escuridão foram suficientes para
destruir tudo o que era mantido às custas de tanta vigilância.
Prisioneiros fugiram, amantes proibidos beijaramse,
a princesa fugiu com o seu amado, o tesouro foi roubado...
e o rei foi assassinado.

— Na escuridão revela-se o que está oculto. Quando
se faz a escuridão, revela-se o que cada um traz escondido
nas sombras do seu íntimo.

*Se a luz do farol se apaga, os barcos perdem o governo.
Também os seus conceitos, preconceitos e medos, quando
apagam a luz da sabedoria, só promovem a confusão.
 
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